A IA generativa será o destaque do maior evento anual de nuvem da AWS, que reúne palestras inspiradoras, anúncios de novos produtos e serviços, exposições de parceiros e discussões sobre inovação.

Só em 2023, a computação em nuvem gerou US$ 53 bilhões (dos US$ 6 trilhões totais), do produto interno bruto (PIB) da América Latina. Esse montante é o resultado de produtos e serviços oferecidos por empresas de todos os setores e portes que utilizam a tecnologia. “Olhando o potencial e as oportunidades de inovação que temos, esse número pode crescer para US$ 700 bilhões nos próximos cinco anos”, afirmou Paula Bellízia, vice-presidente para América Latina da AWS, na Latam Business Overview, sessão que reuniu jornalistas da região na abertura do AWS re:Invent 2024.

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Paula Bellízia, vice-presidente para América Latina da AWS.

Paula deu vários exemplos de como o potencial e as oportunidades existentes na América Latina estão sendo aproveitados. Um é a Auna, empresa de serviços de cuidado com a saúde, que atua principalmente na Colômbia e no Peru. Ela criou o primeiro passaporte vacinal da região baseado em blockchain, beneficiando mais de 20 milhões de pessoas e impactando positivamente os sistemas de saúde dos dois países.

Outro é a Ânima, holding brasileira do setor de educação com aproximadamente 380 mil alunos de ensino superior e educação continuada. Por meio de soluções que usam inteligência artificial generativa, alunos do grupo podem criar sumários das aulas, tirar dúvidas e até mesmo receber sugestões de como desenvolver suas carreiras acadêmicas. O uso dessas soluções reduziu em 90% os custos com educação, ao mesmo tempo que aumentou a efetividade do processo de aprendizado.

Nuvem e IA em crescimento na América Latina

A indústria de tecnologia da informação deve crescer 11% na América Latina em 2025. Isso é cinco vezes mais do que o aumento do total do PIB da região. Os serviços de computação em nuvem devem ter uma expansão de 21%, enquanto o uso de inteligência artificial deve elevar 49%. “As prioridades das empresas da região são aumentar a produtividade, principalmente por meio da automação de processo, e gerar novas fontes de receita ao melhorar o relacionamento com clientes”, contou Ajenadro Floreán, líder consultoria em Transformação e Tecnologia para América Latina do IDC, na ocasião.

Para Juan-Carlos Gutierrez, diretor de Tecnologia e Arquitetura de Soluções da AWS para América Latina, que também participou da sessão, em 2023 as empresas fizeram provas de conceito de uso de inteligência artificial generativa. Neste ano, companhias de todos os setores e portes passaram a efetivamente usar a tecnologia em seus processos. Em 2025, o desafio será dar escala a essa utilização, por meio o uso responsável da tecnologia e da criação de agentes capazes de trabalhar as particularidades de cada indústria. Por exemplo, coletar documentos em uma empresa regulada por órgão governamental é totalmente diferente de fazer o mesmo processo em uma não regulada.

América Latina é fonte de inovação global

“O potencial e as oportunidades são enormes na América Latina, uma das principais fontes de inovação no mundo. Por isso a AWS vai investir quase US$ 6 bilhões na região nos próximos anos. Queremos ter a infraestrutura adequada para apoiar o crescimento do uso de nuvem e inteligência artificial por nossos clientes e isso vai além de tecnologia”, contou Paula.

Recentemente, a AWS anunciou a criação de uma nova região (um conjunto de datacenters) no México, com previsão de investimentos de US$ 5 bilhões nos próximos 15 anos. Com isso, os clientes da América Latina, que já contavam com a região São Paulo, terão mais opções e capacidade para desenvolver e usar suas soluções.

No Brasil, a AWS investirá US$ 1,8 bilhão nos próximos 10 anos para ampliação e modernização da infraestrutura. “Cada dólar é investido com foco em segurança, compliance e sustentabilidade”, destaca Paula.

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AWS re:Invent 2024 Photo by Noah Berger
Foto de Noah Berger/Noah Berger

Energia e água limpas

Neste ano, a Amazon alcançou 100% de seu consumo de energia gerada a partir de fontes renováveis, atingindo esse objetivo sete anos antes do inicialmente planejado. A América Latina também tem papel importante nessa área, pois é uma fonte de energia limpa para a empresa. Atualmente, a companhia tem dois projetos desse tipo no Brasil: uma fazenda solar, com capacidade de geração de 122 megawatts (MW), e um parque eólico de 49,5 megawatts (MW). Juntos, geram energia equivalente ao necessário para iluminar 100 mil casas. Globalmente, a Amazon já investiu em cerca de 500 iniciativas desse tipo.

Outro objetivo da empresa é ser mais eficiente no uso de água (um insumo também utilizado na refrigeração de seus datacenters), devolvendo às comunidades mais desse recurso do que consome até 2030. Além de melhorar seu própria eficiência, a empresa atua com parceiros para promover o uso racional. Um exemplos é o projeto de irrigação eficiente, usando inteligência artificial, realizado com agricultores da bacia do Rio Tietê, no Brasil, e outros no Chile. Também nesse aspecto o número é grande: 7 bilhões de litros já foram retornados para as comunidades da América Latina.

A aceleração da transformação tecnológica traz ainda outro desafio importante: a falta de talentos. A estimativa é de exista uma demanda para 2,5 milhões de profissionais de TI na América Latina até 2026. A AWS quer ajudar a suprir essa procura ao oferecer capacitação gratuita, por meio de parcerias com governos, startups e parceiros locais. Já foram treinadas 2 milhões de pessoas em seis países da região.

“Nesses quatro meses em que estou liderando a AWS na América Latina ficou claro que temos um grande potencial e muitas oportunidades. Nosso maior desejo é elevar a região globalmente, mostrando as coisas incríveis que podemos fazer com tecnologia”, assegurou Paula.

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